"Como podemos nos entender (...), se nas palavras que digo coloco o sentido e o valor das coisas como se encontram dentro de mim; enquanto quem as escuta inevitavelmente as assume com o sentido e o valor que têm para si, do mundo que tem dentro de si?." (Pirandello).


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Gatos pretos

Como já compartilhei aqui no post "Eu tenho gatos", tenho dois gatinhos (na verdade gatões de tão grandes e gordos) e um deles é preto, na verdade preta, com uma "gravatinha" branca, visível somente quando se pega ela no colo.
É engraçado (as vezes triste) observar a reação das pessoas quando a encontram no escuro embaixo do arbusto: "cruzes, um gato preto no escuro". Eu nunca vi reações negativas diante do outro gato, que é cinza malhadinho e tem olhos azuis.
Por que nós somos assim? Criamos conceitos de raça, rotulamos, segregamos e excluímos.
Meus amigos não estão nem aí, brincam, pulam a janela, correm e rolam pela grama, caçam borboletas e sequer tomam conhecimento de qualquer sentimento negativo a eles dirigido. O curioso é que o "bonitão de olhos azuis" não gosta de colo, nem que estranhos cheguem perto dele, por isso esnoba e foge de todos; já a "preta do mau agouro" adora um colo e se derrete toda até quando estranhos dão carinho.
A sina dos gatos pretos é tão cruel que locais que trabalham com doação de animais ficam em alerta em épocas "propícias" a rituais de magia, onde o felino é uma "ferramenta" muito utilizada. Navegando na internet achei o site Conexão Pet que orienta: "A sexta-feira 13 se aproxima e com ela a dor dos protetores em ver os gatos pretos como as vítimas preferenciais da data. Por isso, fazemos um apelo: se você está doando um gato preto, redobre os cuidados nesta semana." Para ler o texto completo "Gatos Pretos Merecem o Nosso Respeito e Proteção" clique aqui. O site traz ainda informações sobre a origem do mito do gato preto e outras superstições que cercam o felino pelo mundo.
Consultem também o site Bicho de Rua, de onde o texto do Site Conexão Pet foi tirado.
"Virá o dia em que a matança de um animal será considerada crime tanto quanto o assassinato de um homem" (Atribuída a Leonardo da Vinci, no site Bicho de Rua).

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Faltas ao trabalho

Em clima de feriado nacional, sem obrigação de escola ou trabalho, vamos abordar uma questão que muito interessa tanto ao pessoal que trabalha em RH, quanto aos próprios trabalhadores: as ausências ao trabalho justificadas - previstas na CLT.
Inicialmente, convém destacarmos que a ausência ao trabalho é "tecnicamente" tratada como absenteísmo (falta de assiduidade), para quem nunca ouviu o palavrão, fica a informação. Além do mais, acordos e convenções coletivas, o regulamento interno das empresas ou até mesmo o contrato individual de trabalho podem prever outras hipóteses de falta justificada, como por exemplo, folga no dia do aniversário do trabalhador (ah, como eu queria...), portanto, a CLT apresenta o rol mínimo de circunstâncias.
A Consolidação das Leis Trabalhistas estabelece as hipóteses em que o empregado pode se ausentar do emprego, deixando de comparecer ao serviço, sem que sofra qualquer desconto, correspondente ao tempo não trabalhado, em seu salário. As faltas justificadas são consideradas hipóteses de interrupção do contrato de trabalho.

Entre as situações previstas no art. 473, da CLT (abaixo transcrito), destacamos: a chamada licença nojo, em caso de falecimento de marido, esposa, pais, filhos, irmãos ou qualquer dependente econômico do empregado; a licença gala, por conta de casamento; a licença paternidade, em caso de nascimento de filho, já que a licença maternidade é bem maior; para servir de testemunha em procedimentos judiciais etc.

Também se considera justificada a falta do empregado por motivo de doença, comprovada com atestado médico.
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Art. 473 - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário:
I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica;
II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento;
III - por cinco dias, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana (ADCT*, art. 10, § 1º);
IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada;
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos têrmos da lei respectiva.
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra "c" do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar).
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior.
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.
IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro.

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Nada mau poder descansar sem precisar recorrer as leis trabalhistas para justificar a ausência ao trabalho. E viva os feriados!

* ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

domingo, 5 de setembro de 2010

Diálogo

Creio que a maioria dos meus alunos e amigos sabem que deixei o exercício de uma atividade profissional para me dedicar a lecionar. Muito já meditei sobre esta opção, não que haja qualquer arrependimento, ao contrário, lecionar "mesmo quando é ruim, é bom!", ou seja, nunca é ruim e foi uma das escolhas mais acertadas da minha vida.
E nestas meditações percebi que o bacana do magistério é o diálogo, é fazer parte de um processo onde tento ensinar e certamente consigo aprender, onde compartilho vivências, medos e expectativas com os mais variados tipos de pessoas, jovens e nem tão jovens (assim como eu, rs). O bom é o diálogo.
Aqui no blog, em que pese as estatísticas de acesso, não recebo nenhum comentário sobre o que ando publicando (sejam meus textos ou matérias buscadas na web) e acaba por virar um monólogo chato, onde eu não tenho idéia se estou levando assuntos interessantes ou não. Gostaria de saber se os leitores concordam ou não com as colocações do blog, se possuem algum assunto interessante para abordarmos e acima de tudo suas opiniões.
Estou solitária no blog. Então, podem me ajudar a construir um diálogo?

sábado, 4 de setembro de 2010

Vale a Pena Ver de Novo?

Resultado das eleições em 2006, para Deputado Estadual no Rio de Janeiro, em reportagem publicada na revista Veja, no dia 08 de novembro de 2006. Vamos considerar se devemos confiar nosso voto a quem não fez nada de útil para a coletividade com o seu mandato e provavelmente não fará.


Nova bancada, velhos problemas

Pouca renovação e muito clientelismo são as principais características da nova bancada da Assembléia Legislativa. Entre os futuros deputados estaduais há personagens polêmicos, parlamentares que respondem a processos na Justiça e novatos eleitos graças ao prestígio político de parentes

Fábio Brisolla e Fátima Sá

Eleitos no dia 1º de outubro, setenta novos deputados estaduais tomam posse no início do ano na Assembléia Legislativa do Rio. Novos em termos. Trinta e seis deles estão sendo reeleitos. Outros sete já estiveram na Alerj em outras legislaturas. E, não bastasse, sete dos novatos são filhos, mulher ou irmãos de ex-deputados. Entre os parlamentares eleitos – com salário de 9.450 reais, auxílio-gasolina e outros adicionais – há o policial conhecido como Batman, a herdeira de postos de gasolina, o bispo que quer "salvar" homossexuais, o apresentador de TV. O perfil é variado, mas o que se percebe é a consagração de uma velha prática política: o clientelismo. Cada vez mais, o parlamentar deixa de pensar em soluções para todo o estado e concentra a atenção apenas em seu reduto eleitoral. Age como uma espécie de síndico ou representante de classes. Vira um simples intermediário entre o cidadão e o poder público, negociando asfalto, luz, atendimento hospitalar. "Os deputados tornaram-se vereadores territoriais ou representantes de interesses particulares de igrejas e corporações", diz o cientista político Jairo Nicolau, do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio (Iuperj).

É na ausência do poder público que o parlamentar "síndico" conquista espaço. E votos, naturalmente. Ao todo, 70% dos eleitos definem-se como deputados de "perfil comunitário". Já a Justiça define alguns como suspeitos. O caso mais grave envolve o deputado Marcos Abrahão (PSL), acusado de ser o mandante do assassinato de Valdeci Paiva de Jesus, pastor da Igreja Universal e deputado. Abrahão era o suplente de Valdeci. Com a morte do pastor, em 2003, Abrahão conseguiu uma vaga na Alerj. Cassado por falta de decoro, voltou à Assembléia por força de liminar. Mas responderá a processo criminal por homicídio duplamente qualificado, podendo ser condenado a até trinta anos de prisão. "O processo está em fase de preparação para o julgamento, que deve ser marcado para o primeiro semestre de 2007", diz o promotor Luciano Lessa, titular da 3ª Promotoria de Justiça do 4º Tribunal do Júri. Apesar das acusações, Marcos Abrahão teve 36.714 votos e voltará à Alerj.

Parlamentar mais votado da eleição fluminense, com 204.880 votos, José Camilo Zito (PSDB) também responde a processo. Ex-prefeito de Duque de Caxias, Zito é acusado de improbidade administrativa por não ter prestado contas de uma verba federal de 232.000 reais destinada a projetos sociais para crianças e adolescentes no município da Baixada Fluminense. "A verba foi repassada pela prefeitura a uma ONG, que, tudo indica, não existe", afirma Carlos Bruno Ferreira da Silva, procurador do Ministério Público Federal. A ação de improbidade administrativa proposta pelo MPF está em andamento. Outro eleito que enfrenta problemas com a Justiça é o policial civil e hoje vereador Jorge Babu (PT). Em outubro de 2004, Babu ficou nacionalmente conhecido ao ser preso em flagrante, com o marqueteiro Duda Mendonça, numa animada rinha de galo num clube de Jacarepaguá. Ambos são apreciadores declarados da prática, que já foi considerada contravenção e é crime ambiental. Indiciados por maus-tratos a animais, formação de quadrilha e apologia ao crime, eles conseguiram habeas corpus excluindo as acusações de formação de quadrilha e apologia ao crime do processo, que continua na 26ª Vara Criminal do Rio. Até então, o feito público mais notável de Babu havia sido a criação do Dia Municipal de São Jorge.

Nos corredores da Assembléia, o corporativismo fala alto. Suspeito de ter negociado propina para retirar o nome do empresário Carlinhos Cachoeira do relatório da CPI da Loterj, o deputado Alessandro Calazans (PMN) foi processado pela Alerj por quebra de decoro. Acabou absolvido por 37 votos a 25, em votação secreta. O eleitor também ignorou as acusações. Calazans foi reeleito com 32.528 votos, exatos 4.804 a mais do que recebeu no pleito anterior. A boa votação do deputado deve-se em parte ao assistencialismo, prática recorrente entre políticos com mandato em exercício. Ele é o fundador do Centro Social Alessandro Calazans, com três unidades em Nilópolis, duas em São João de Meriti e outra em Anchieta. Os centros oferecem variados serviços: assistência jurídica, cursos de inglês e espanhol, corte de cabelo, aulas de capoeira, massagens e atendimentos médico, oftalmológico e veterinário. "Apesar de legítima, a atuação na comunidade tem um lado perverso. Em vez de agir como intermediário, o parlamentar muitas vezes assume a função do poder público, privatizando educação e saúde", avalia Carlos Eduardo Sarmento, cientista político da Fundação Getulio Vargas, que tem como foco de suas pesquisas a Assembléia Legislativa desde 1978. "Fica tudo na mão do deputado", conclui.

Ainda que em menor número, resistem os deputados que repudiam essas práticas e representam o chamado voto de opinião. São políticos com propostas voltadas para os cidadãos de todo o estado, e não apenas de uma região. São também fiscalizadores do Poder Executivo, uma das funções do Legislativo muitas vezes negligenciada. Fazem parte desse grupo parlamentares de partidos até adversários, como o professor Alessandro Molon, deputado reeleito pelo PT, e o engenheiro Luiz Paulo Corrêa da Rocha, reeleito pelo PSDB. Cada um a seu modo, os setenta deputados representam a escolha do eleitor. Resta esperar que seja em benefício do estado.

Leiam a reportagem completa na Veja Rio on-line clicando aqui.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Por que temos a sensação de que o tempo está passando mais depressa?

por Yuri Vasconcelos

Retirado do Site da Revista Mundo Estranho

Há várias hipóteses para o fenômeno, mas a mais aceita aponta que essa sensação está relacionada à quantidade enorme de informações e experiências a que estamos sujeitos atualmente. Quando experimentamos alguma coisa pela primeira vez, mais dados são armazenados em nossa memória, pois tudo é novidade. Isso rola, por exemplo, quando vamos pela primeira vez ao sítio de um amigo. Como não sabemos o caminho, nossos sentidos ficam mais ligados, absorvendo cada detalhe do trajeto. Nas outras vezes que voltamos lá, já conhecemos a rota e parece que ela encurtou, como se a primeira ida tivesse demorado mais. O mesmo vale para a nossa vida em geral – uma vez que muitas experiências são repetição do que já vivemos antes. Outra hipótese está associada à idade de cada pessoa. Para um jovem de 12 anos, por exemplo, chegar aos 18 parece levar uma eternidade – afinal, os seis anos de diferença correspondem a metade do tempo já vivido pela pessoa. Já para alguém que está na casa dos 60 anos, os mesmos seis anos representam apenas 10% de sua vida. Por isso, em geral a sensação de que o tempo está voando fica mais forte à medida que envelhecemos. Por fim, há ainda quem afirme que, como vivemos num cotidiano cada vez mais acelerado, impulsionado pelos avanços tecnológicos, estaríamos nos distanciando de um suposto ritmo biológico natural, mais lento. Esse descompasso é que daria a impressão de que o tempo está passando mais depressa. :-P